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Ciência e arte no interior do Estado do Rio

Com mais de uma centena de obras, a exposição ‘O Corpo na Arte Africana’ chega à cidade de Quissamã

 

 

Ao chegarem à região norte do Estado do Rio de Janeiro, os Sete Capitães, grupo de exploradores e primeiros colonizadores dessa área, se depararam com uma figura atípica no meio dos índios: um negro. Ao ser perguntado como ele tinha chegado até ali, o homem respondeu que era escravo liberto e que nascera na cidade angolana de Quiçama. Do dia seguinte em diante, não houve notícias do homem que entraria para a história, dando origem ao nome da cidade que hoje conhecemos como Quissamã, um dos poucos municípios brasileiros cujo nome tem origem africana.

Esta é uma das razões para que a mostra ‘O Corpo na Arte Africana’ fosse levada à cidade. Esta é a terceira parada da exposição desenvolvida pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) em parceria com a Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), após período em cartaz no campus da Fiocruz em Manguinhos, no Rio de Janeiro, entre os meses de setembro de 2012 e janeiro de 2013, e também em Petrópolis.  Cerca de 140 obras produzidas por 50 etnias estão expostas no Museu Casa Quissamã (Rua Conde de Araruama, 425 – Centro, Quissamã/ RJ) até o início de agosto. A entrada é gratuita e a visitação acontece de quarta a domingo, das 10h às 17h.

 Gutemberg Brito

 

O Museu Casa Quissamã é a terceira parada da exposição desenvolvida pelo IOC em parceria com a COC

A exposição trabalha o tema da saúde sob uma perspectiva diferente, revelando como o corpo humano pode ser visto e abordado em uma estética diversa da habitual. O acervo, resultado de décadas de arte, conta com peças adquiridas ao longo de anos cooperação de pesquisadores brasileiros com os países do continente africano. São laços nas áreas de educação, pesquisa, saúde e arte. “Tudo começou em 2000, durante reunião da Organização Mundial da Saúde (OMS), no Zimbábue, quando adquiri minha primeira peça, uma máscara em forma de borboleta. Em 2007, adquiri outras obras em viagem pelo Mali e por Burkina Faso, além de ter contato mais próximo com a música africana. Depois disso, não parei mais”, conta Wilson Savino, curador da exposição juntamente com Gisele Catel, antropóloga da COC.

A exposição é composta por peças reunidas por diversos cientistas da Fiocruz: Wilson Savino, diretor do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz); Wim Degrave, pesquisador do Laboratório de Genômica Funcional e Bioinformática do IOC; Rodrigo Corrêa de Oliveira, do Laboratório de Imunologia (Fiocruz/MG); e Paulo Sabroza, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz).

Cerimônia de abertura

A cerimônia oficial de abertura da exposição, que aconteceu no último dia 10 de julho, contou com a presença de autoridades locais. Estiveram presentes o prefeito de Quissamã, Otávio Carneiro da Silva; a secretária de Governo, Ana Alice de Barcelos; o presidente da Fundação Municipal de Cultura e Lazer, Oscar Luiz Chagas; e a diretora do Museu Casa Quissamã, Marta Medeiros. Em suas falas, os representantes do poder público local enfatizaram que não medirão esforços para que a maioria da população tenha acesso a mais essa oportunidade de cultura e arte intimamente associada à história da cidade, com ênfase na presença de professores e estudantes.

 Gutemberg Brito

 

 Representantes da Fiocruz e autoridades locais participaram da cerimônia de abertura da Exposição

Diretora do Museu e tetraneta da mucama do Visconde de Quissamã, ex-morador da casa que hoje abriga o Museu, Marta Medeiros afirmou que para ela e para muitos moradores a exposição ‘O Corpo na Arte Africana’ tem um significado diferente. “Grande parte da nossa população descende dos escravos que aqui trabalhavam. Portanto, explorar o contexto africano através de sua cultura milenar nos proporcionará conhecer um pouco mais da nossa própria história”, enfatizou.

A cerimônia de abertura contou, ainda, com a interpretação teatral da esquete ‘Eu negra’, pela atriz Claudia Bispo, que retratou a perspectiva feminina da escravidão e da condição de negritude, além de performance do grupo de jongo ‘Tambores da Machadinha’.

 Gutemberg Brito

 

 A cerimônia de abertura contou com a performace do grupo de jongo ‘Tambores da Machadinha’ 

Homenagem ao líder sul-africano

Conhecido por sua intensa luta contra o apartheid na África do Sul, Nelson Mandela, atualmente internado, não poderia deixar de ter sido lembrado. “Mandela representa a resistência a uma tirania. Após ficar 26 anos preso, ele se torna líder de um povo e se recusa a guerrear, praticar vingança. Em contrapartida, prega o amor, a paz e a união entre os povos. Essa exposição pode ser considerada também uma homenagem a ele, pois reúne uma estética que resistiu à invasão da concepção de forma europeia sobre o mundo ocidental, se inspirando na África negra”, homenageou o curador da exposição.


Vinicius Ferreira
12/07/2013
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